Pelo direito de se permitir insistir

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“Vai passar”, eles disseram. Mas ninguém se lembrou de perguntar se eu queria que passasse. Ninguém se incomodou em procurar saber se eu realmente estava sofrendo assim como diziam. Se eu estava mesmo procurando por uma saída dessa situação como queriam que eu fizesse.

Estamos cercados de relações passageiras, é verdade. Será que alguém já parou pra se perguntar o porquê disso? Será que o problema não está mais perto do que imaginamos? Acontece que, ao mínimo sinal de dificuldade, o primeiro instinto é cair fora. Partir pra outra, desapegar, esquecer.

Sou extremamente a favor de desapegar de uma situação, relação, ou o que for que cause mal. Se faz mais mal que bem, já era. Sou meio fria por conta disso? Talvez. Mas isso também mostra outro lado. Não vou partir pra outra enquanto achar que ainda existem chances por aqui. Sinto essa necessidade de dar uma chance não ao outro, mas a mim mesma. Uma chance de, pelo menos uma vez, me arriscar, de fazer o meu máximo para que no fim eu saiba que fiz a minha parte e esgotei todas as minhas fichas.

Alguns acham que isso é prorrogar o sofrimento. Eu apenas acho que é não desperdiçar oportunidades simplesmente porque há uma pedra no meio do caminho. Pra fazer algo dar certo é preciso arriscar, não só esperar pela vontade do outro, afinal, não só de uma metade se faz um relacionamento. Acima de tudo, não existe relacionamento sem que haja a vontade de mergulhar no outro. De decifrar pensamentos, atitudes e, por que não, de ultrapassar dificuldades.

Relações passageiras são ótimas até certo ponto, mas o fato é que, eu particularmente cansei de coisas rasas. E sinceramente, não vejo mais problema algum em admitir isso.

Sobre o peso das decisões

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Ser uma pessoa decidida nunca foi exatamente o meu forte. Não por não saber o que quero, mas justamente por querer coisas demais. Apesar de tudo, a maioria das minhas decisões levava em conta não só as minhas vontades, mas também a dos outros envolvidos.

O problema é que chega uma hora que não dá mais pra agir assim. E, mesmo seguindo os conselhos dos ouros, uma hora a consciência vai bater, você vai começar a se perguntar se é isso mesmo que você quer e não vai dar pra procrastinar a decisão. E enfim esse momento chegou pra mim.

Quando parecia que estava tudo definido, me dei conta de que não sabia se aquilo era minha vontade ou se estava apenas seguindo a maré. Pior ainda, depois de analisar tudo, bateu o medo de admitir pra mim mesma qual a decisão eu havia tomado, já que vai contra tudo que eu venho dizendo há quase dois anos.

Acontece que, apesar de existirem sim pessoas que podem ser afetas pelas minhas e pelas suas decisões, quem mais vai sofrer as consequências somos nós. Somos nós que vamos ter que suportar o peso delas no dia-a-dia. Somos nós que vamos nos perguntar se tomamos a decisão certa. E, principalmente, somos nós que vamos sentir falta do que quer que abdiquemos. “Cada escolha é uma renúncia”. Frase clichê, antiga e já bem conhecida, mas, infelizmente, uma das maiores verdades que eu conheço.

Que atire a primeira pedra aquele que nunca procrastinou 

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Eu particularmente tenho essa mania horrível de deixar tudo pra depois e já me prejudiquei demais com essa de fazer as coisas de última hora. Ontem à noite, numa daquelas reflexões antes de dormir causada por um raro momento em que fui deitar cedo (e sem sono) por pura necessidade, me dei conta de algo pior: quantas vezes não já procrastinei até o simples ato de pensar?

Sendo mais clara, percebi que por muitas vezes evitei o ócio (nem que tenha sido ocupando a mente com qualquer besteira) apenas por ter medo de que tipo de coisa viria à minha mente caso isso acontecesse. Medo de analisar os últimos acontecimentos da minha vida e me dar conta de que não sei qual o rumo que ela está tomando. De ter que encarar que tudo que cresci acreditando talvez não seja o que realmente quero. Ou vai que é, mas tenho medo de admitir que precisaria abrir mão de muito que hoje faz parte do meu dia-a-dia, e cheguei num ponto em que não sei mais se sou capaz de fazer isso. Medo de analisar se a profissão que escolhi vai realmente me levar aonde quero chegar, e mais medo ainda de buscar outras alternativas que me levem até lá.

Acontece que, com medo ou não, certas escolhas precisam ser tomadas. E, caso a gente nunca pare e realmente pense sobre cada uma delas, vamos ser apenas mais um bando de acomodados que esperam que a vida se encarregue de tudo ao nosso redor. Não, parar de procrastinar nossas decisões não quer dizer que elas sempre serão as melhores possíveis. Uma hora ou outra, o fantasma daquele “e se eu tivesse feito tudo de outra forma?” vai aparecer. Nessa hora, o melhor é lembrar que, apesar de tudo, são esses erros e dúvidas que fazem de nós o que realmente somos. E não tem nada que dê mais orgulho que saber que você é o responsável pelo seu próprio caminho.

De um ano pra cá…

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É engraçado parar pra pensar na vida. Parei pra analisar e agora percebo que sou uma pessoa completamente diferente da que eu era há um ano atrás. Percebi que nunca sabemos que certas escolhas e atitudes que parecem simples farão tanta diferença nas nossas vidas até que as consequências delas nos atinjam de uma só vez. Nunca havia levado a vida tão intensamente quanto nesse ano que se passou.

Vi muita coisa. Vivi. Cresci. Aprendi. Amadureci. Viajei. Conheci pessoas muito diferentes de mim e só então percebi que talvez não fôssemos tão diferentes assim. Conheci pessoas que não merecem nem um lugar nesse texto, que dirá na minha vida. Frequentei lugares novos. Me aproximei ainda mais de antigas amizades. Me afastei (voluntariamente ou não) de outras. Decidi qual a profissão que quero seguir. Perdi coisas que talvez fossem mais valiosas pra outras pessoas que pra mim mesma. Me apaixonei. Quebrei a cara. Vi que isso não era o fim do mundo. Dei esperanças pra quem não deveria. Mudei de cidade. Passei em uma universidade federal. Me decepcionei com pessoas que eu achava que estariam sempre do meu lado. Descobri que nossos pais sempre querem nosso melhor, apesar de muitas vezes não saberem o que realmente nos faz bem. Aprendi a ver as coisas com outros olhos.

Acima de tudo, descobri que o mundo realmente dá voltas e tudo é passageiro. Mudanças são constantes e quem hoje está por cima amanhã pode não estar mais. Aliás, quem sabe onde estarei ano que vem?